Muita
gente está no convés observando o horizonte, esperando
que alguma coisa aconteça que tire o grande navio dessa
situação. Muito se discute no salão, na ponte,
pelo convés, mas não se chega a conclusão
que atenda os requisitos de navegabilidade e
sobrevivência de passageiros e tripulantes.
Ele está
ali, suntuoso, refletindo o brilho do Sol e da Lua, ao sabor dos
ventos. Tem um bote à disposição de cada
um, mas a maioria, prefere acreditar que o socorro chegará
a qualquer momento.
Faltam
botões na casaca do comandante e a marujada esconde pelos
cantos, as últimas provisões enlatadas, para vender
aos passageiros no mercado paralelo. Vale para o ar condicionado
e outros benefícios prometidos quando o grande navio ainda
novo saía do porto em direção ao futuro.
Muitos
ainda riem, outros até choram assistindo os “incautos”
subirem no bote e se lançarem na incerteza das águas,
armados com seus remos.
Nos seus
rompantes emocionais, nem percebem que o bote se movimenta e deixa
o grande navio para trás até sumir do alcance dos
olhos.
Nessa
hora lamentam ou escarnecem a “falta de coragem” do
remador.
A fase
do jogo terminou no século 20 e para passar
de fase é preciso abandonar o grande navio. Ele não
faz parte do enredo. Acabou.
Insistir
nisso é correr atrás do próprio rabo.
Quem
pensou o Google, o Facebook
e assemelhados, pulou do navio e remou muito aprimorando
o bote todos os dias. E você aí, parado,
esperando o próximo movimento do navio.
A notícia
é que o grande navio vai afundar e que ainda há
botes em condição do uso. Aos remos.