segunda-feira,
29 janeiro, 2018 - 10h28 | A OUTRA
COLUNA
Inteligência
emocional e logística reversa
Já
faz tempo que não se pode viver nas cidades com os prazeres
do campo. Até a década de 1970, pelo menos aqui
no Brasil, mesmo a maior cidade, São Paulo, ainda guardava
um certo ar bucólico em seus arredores e o furor estava
concentrado na Praça da Sé e região. Em alguns
pontos de subúrbio, queimava-se o lixo como no campo porque
não havia coleta. Outros tempos.
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Inteligência
emocional e logística reversa - Muito do que compramos
vem em embalagens recicláveis que precisam ser descartadas
da melhor maneira possível para surtir efeito | igorovsyannykov/pixabay |
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Nessa
mesma época ainda por São Paulo, uma mudança
drástica sinalizava que o futuro seria bem diferente. Falei
disso nesse
artigo e já vamos entrar no tema de hoje.
O lixo ainda é um problema para o qual não olhamos
com a devida atenção.
Ainda
que se considerem as diversas ações realizadas para
a solução dos problemas oriundos do lixo, incluindo
aí geração e coleta, falta a inteligência
emocional em muita gente, para a questão de que a logística
reversa dos itens de consumo resolveria uma parte significativa
desse desafio.
Muito
daquilo que compramos vem em embalagens e muitas delas são
recicláveis e poderiam ser destinadas às cooperativas
e associações que estão aos montes pelo Brasil.
Nossos
problemas com enchentes, mosquitos, ratos e outros problemas de
sustentabilidade estão diretamente ligados ao fato de não
pensarmos em logística reversa, ou seja, onde vai parar
tudo aquilo que descartamos e qual a infraestrutura do nosso município
para dar conta da questão.
O lixo
não some depois que o colocamos na porta. Conforme o lugar
vai parar em um aterro sanitário, um lixão, um bueiro.
Fim
do lixão da Estrutural
Logística
reversa
Tudo o
que é produzido obedeceu uma linha que começou na
extração de matéria prima até chegar
na prateleira de um supermercado. Encerrado o uso, dentro das
nossas casas, deveria também obedecer uma lógica
de retorno para poder se tornar matéria prima outra vez
e assim fechar o ciclo.
Só
latinha de alumínio e garrafa pet não suprem esse
conceito, é necessário que se entenda um pouco da
maneira como isso deva ser descartado e aí eu digo que
está faltando informação e bom senso, inteligência
emocional e isso vale para governos, empresas e consumidores nos
dois lados do processo.
Nem
tudo precisa ser feito às pressas
Algumas
embalagens são dispensáveis como por exemplo:
- A
caixa de papelão dos tubos de creme dental. Bastaria
um lacre no bico e um na tampa e milhões de toneladas de
papel cartão deixariam de ser gastos.
Algumas
necessitam tratamento prévio
- Óleo
comestível em garrafa pet. Dificulta e encarece o
reaproveitamento do pet por conta de fases de lavagem, necessárias
para que a reciclagem não seja inviabilizada. Já
que os fabricantes e o governo, não se preocupam com esse
detalhe a solução seria colocar as garrafas vazias
de boca para baixo dentro de um balde ou coisa parecida e deixar
escorrer. Melhor mesmo seria retornar para a lata de flandres,
mas isso é assunto para outro artigo.
- Caixa
longa vida. Reciclável também, mas com índices
baixíssimos de aproveitamento simplesmente porque o processo
está muito distante da maioria dos centros de consumo e
a matéria orgânica em decomposição
cheira mal e cria o problema dos vetores (rato, barata, mosca).
É recomendável um enxague rápido para não
permitir a decomposição do material embalado e ajudar
a não proliferação dos vetores. Só
25% desse material chega para reciclagem.
Revendo
os hábitos
Morando
em casa ou apartamento é inteligente que exista não
só um lugar para reunir esses materiais, mas o hábito
de limpá-los quando for o caso e com o mesmo cuidado que
se teve na hora de comprar.
Não
precisa separar, basta juntar tudo num saco plástico e
cuidar que tudo esteja seco e limpo.
Assim
maximizamos o aproveitamento da matéria prima e valorizamos
o trabalho de quem está na outra ponta que é a pessoa
que trabalha com a reciclagem facilitando a triagem e destinação.
(continua)