quinta-feira, 19 abril, 2012 23:41
Anastasia
defende revisão da dívida dos Estados
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Lúcia
Sebe/Imprensa MG |
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Governador
Anastasia participou de audiência pública
sobre a renegociação das dívidas
com a União |
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Antonio Anastasia participou,
ao lado de outros governadores, de audiência pública
na Câmara dos Deputados sobre a dívida dos
Estados com a União
O governador Antonio
Anastasia participou nesta quinta-feira (19), na Câmara
dos Deputados, em Brasília, da audiência pública
realizada pelo grupo de trabalho que discute a renegociação
das dívidas dos Estados e dos municípios com
a União.
Ao lado de sete governadores
e vice-governadores, Anastasia voltou a defender a revisão
das dívidas dos Estados, além da mudança
do indexador, com a aplicação de juros menores.
“A renegociação
da dívida é um tema que une todos os Estados
e tornou-se muito importante, que sensibiliza a sociedade,
o empresariado, a opinião pública. A realidade
hoje da maioria dos Estados é que aquele valor original,
consolidado em 1997, já foi pago em mais de uma vez
e meia e o estoque da dívida é de quatro,
cinco vezes aquilo que era originalmente pactuado”,
explicou o governador.
Anastasia acredita que
o debate, a boa vontade e a união de esforços
entre a sociedade civil, governadores, Congresso Nacional
e o governo Federal, poderá resultar em uma solução
boa para todos. “Tenho certeza que o Governo Federal
está muito sensível a esse tema. O ministro
da Fazenda, Guido Mantega, já falou isso aos governadores.
Percebemos os deputados da própria base do governo
muito sensibilizados com esse assunto, que interessa a todos
os Estados, independente dos partidos. É importante
para a União que os Estados tenham capacidade de
investimentos”, destacou.
Dinheiro que
faz falta
Governadores, vice-governadores, além de
secretários estaduais de Fazenda e parlamentares
foram ouvidos sobre as realidades de seus Estados. Eles
explicitaram, em consenso, que a renegociação
da dívida com a União irá melhorar
a capacidade de investimento das unidades federativas.
“Minas paga por
mês quase R$ 400 milhões para a União.
É um investimento que deixamos de ter. Para se ter
ideia, todo o Caminhos de Minas (projeto do Governo do Estado
que vai asfaltar quase 7 mil quilômetros de estradas),
que vamos fazer no meu mandato, é de R$ 3 bilhões.
Nos dois anos e meio de governo que faltam, pagaremos, só
com os juros, quase quatro vezes isso. Os valores são
astronômicos. É importante que esse pagamento
se faça dentro das nossas condições,
para permitir aos Estados um pouco de respiro em termos
de investimento”, afirmou Anastasia.
A discussão foi
presidida pelo coordenador do grupo de trabalho “Dívida
dos Estados com a União”, deputado federal
Cândido Vaccarezza (PT-SP). O grupo de trabalho é
formado por 13 deputados.
A dívida dos
entes federados com a União chega a R$ 429,8 bilhões..Com
base no debate, os parlamentares deverão apresentar
uma proposta preliminar para reduzir o peso do pagamento
das dívidas sobre as contas estaduais, explicitando
os argumentos no documento em que estão chamando
de “Carta de Brasília”.
Também participaram
do encontro os governadores Jacques Wagner (Bahia); Tarso
Genro (Rio Grande do Sul); Raimundo Colombo (Santa Catarina);
José de Anchieta Júnior (Roraima) e Teotônio
Vilela (Alagoas); e os vice-governadores Helenilson Cunha
Pontes (Pará) Luiz Fernando de Souza (Rio de Janeiro).
Histórico
– a dívida dos Estados
Em julho de 1994, a implantação do
Plano Real, que pôs fim à inflação
no Brasil, colocou em evidência o desequilíbrio
fiscal dos Estados que enfrentaram sérias dificuldades
financeiras por causa do elevado comprometimento das receitas
com pagamento de pessoal, subsídios a empresas públicas
deficitárias e serviço da dívida acumulada
durante anos.
A política de
elevação das taxas de juros praticada pelo
Governo Federal no período levou os Estados a rolarem
parcela crescente dos juros, não havendo amortização
real. Com isso, a dívida passou a crescer exponencialmente.
Na metade da década
de 1990, o que se via eram Estados com dificuldades para
honrar o pagamento do 13º salário dos servidores,
os compromissos com a dívida flutuante e a necessidade
de adequação do quadro de funcionários.
No final de 1997, com
o objetivo de equacionar as dificuldades financeiras enfrentadas
pelos Estados, foi editada a Lei nº 9.496/97, que autorizava
a União a refinanciar as dívidas com os Estados.
Em Minas
Em 1998, em uma negociação, pelas
condições econômicas da época,
favorável a Minas, o governo do Estado refinanciou
a dívida com a União, restando um saldo devedor
de R$14,8 bilhões, em dezembro daquele ano.
De lá para cá,
no entanto, a situação econômica no
Brasil mudou, o que fez com que os juros ficassem muito
altos e o montante da dívida crescesse, mesmo não
sendo feito nenhum outro empréstimo com a União,
por força de lei. Nesses 13 anos, foram pagos R$
21,5 bilhões, ou seja, cerca de uma vez e meia o
valor original. Em dezembro de 2011, o saldo era R$ 58,6
bilhões.
“Todos nós,
governadores, somos favoráveis à manutenção
dos princípios da Lei de Responsabilidade Fiscal,
de tudo aquilo que se avançou no Brasil. Discutimos
agora a possibilidade da revisão desses indicadores
porque estamos diante de fatos econômicos que surgiram
a partir de então. A dívida é reconhecida,
e deve ser paga, mas com indicadores que sejam condizentes
com a realidade econômica atual do Brasil”,
defendeu Anastasia.
A previsão de
pagamento de 2012 a 2028, quando expira o prazo para pagamento
da dívida, é de R$ 77,3 bilhões, valores
que poderiam ser colocados em investimentos para o Estado.
Pelas projeções, se as condições
não forem mudadas, a expectativa é de que,
em fevereiro de 2028, haja um resto a pagar de R$ 46,2 bilhões.
Minas gasta 13% da sua
Receita Corrente Líquida só com o pagamento
da dívida com a União. O serviço da
dívida, em 2011, atingiu o valor total de R$ R$ 3,9
bilhões. Para 2012, o pagamento da dívida
previsto é de R$ 4,4 bilhões, o que representa
uma média mensal de R$ 371 milhões.
“Naturalmente,
isso demonstra que os valores são bastante desproporcionais.
É claro que esse dinheiro faz muita falta nas obras
de infraestrutura que necessitamos para atrair empresa e
investimentos para o nosso Estado”, completou o governador.
via Agência Minas
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