segunda-feira, 18 março, 2013 23:37
Antonio
Anastasia afirma que a Federação brasileira
está doente e tornou-se obsoleta
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Raul
Moreira |
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Governador
falou em encontro da Associação Comercial
do Rio de Janeiro |
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Governador
de Minas fez a declaração ao participar do
seminário O Pacto Federativo e o Futuro do Brasil,
na Associação Comercial do Rio de Janeiro.
O governador
Antonio Anastasia afirmou, nesta segunda-feira (18), que
“a Federação brasileira está
doente, tornou-se obsoleta, uma letra morta da nossa Constituição.
Na prática,
o Brasil, lamentavelmente, é triste dizer isso, deixou
de ser Federação”. O governador participou
do seminário O Pacto Federativo e o Futuro do Brasil,
promovido pela Associação Comercial do Rio
de Janeiro (ACRJ), quando destacou que o enfraquecimento
da Federação é um fator que gera deficiência
e precariedade no funcionamento dos serviços públicos,
atingindo diretamente o cidadão.
Antonio
Anastasia lamentou o fato de muitos políticos dizerem
que o tema federativo não interessa às pessoas.
“Exatamente pelo enfraquecimento da Federação
brasileira é que temos tantas deficiências
e tantas precariedades no funcionamento dos serviços
públicos, como saúde, educação,
segurança, infraestrutura. Se tivéssemos a
inspiração de um modelo federativo verdadeiro,
como se adota nos Estados Unidos, no Canadá, na Austrália,
nós teríamos certamente uma estrutura muito
mais forte”, afirmou Anastasia.
Um dos
principais destaques do seminário O Pacto Federativo
e o Futuro do Brasil, realizado pela ACRJ, Antonio Anastasia
resgatou o significado do pacto federativo, um acordo firmado
entre a União e os estados federados, estabelecendo
as funções, direitos e deveres de cada ente.
Teoricamente,
o papel da União deveria ser descentralizado, assim
como a arrecadação tributária, cabendo
ao governo federal funções como a defesa nacional,
emissão da moeda e a política externa, a exemplo
do que ocorre nos Estados Unidos, principal inspiração
para o modelo brasileiro. No entanto, o pacto federativo
no Brasil centraliza o poder e distribui os recursos arrecadados
de maneira injusta, gerando, por exemplo, guerras fiscais
entre os estados. Com isso, estados são obrigados
a reduzirem sua arrecadação para atrair empresas,
ao mesmo tempo em que impostos federais são concentrados
em Brasília.
O governador
de Minas salientou que este processo de enfraquecimento
da Federação vem de décadas e que,
ao contrário do que se esperava, acabou sendo agravado
com a Constituição Federal, promulgada em
1988.
“Chegamos,
em 2013, talvez no momento mais grave da crise da Federação.
Existem movimentos extremamente danosos à Federação
que colocam os estados em posição de antagonismo
e esse antagonismo leva a prejuízos para os cidadãos
do Brasil como um todo”, afirmou.
Para
Anastasia, o papel da União deveria ser de cooperação
e harmonia, mas ocorre o contrário. “Uma Federação
harmônica deve ter como fio condutor o papel da União,
que deve ser não o de centralizar competências,
recursos e atributos. É o de dar harmonia e cooperação.
A ideia da solidariedade colaborativa é o nome moderno
da Federação naqueles países que verdadeiramente
adotam esse modelo. E, no caso brasileiro, não estamos
vendo esse papel por parte da União ao longo das
últimas décadas”, disse.
Revisão
do pacto federativo como agenda prioritária
“Federalismo é o tema do ano”,
afirmou Anastasia na última semana, quando se reuniu
com outros 16 governadores, em Brasília, para tratar
do tema.
A cúpula
de governadores conseguiu gerar consenso sobre alguns temas
que precisam entrar na pauta de articulação
junto ao governo federal para que o país não
entre em um colapso de gestão e falta de investimentos
estratégicos. Com a descentralização
de decisões e de recursos, os estados pretendem planejar
e administrar temas que são caros para o desenvolvimento
social e econômico do país.
Na pauta
apresentada pelos governadores aos presidentes do Senado
e da Câmara dos Deputados estão quatro pontos:
a redução em 33% do comprometimento da Receita
Líquida Real com o pagamento das dívidas com
a União, retroativo a janeiro de 2013; a aprovação
de uma emenda constitucional proibindo a tramitação
e homologação, por parte do Congresso Nacional,
de leis que onerem as finanças estaduais sem a correspondente
criação de novas fontes de receita; aumento
da base de cálculo do Fundo de Participação
dos Estados (FPE), com a inclusão de receitas oriundas
da Contribuição para o Financiamento da Seguridade
Social (Cofins) e da Contribuição Social sobre
o Lucro Líquido (CSLL); e a extinção
da contribuição do Pasep, para o qual cada
Estado recolhe para a União 1% de sua receita, a
título de contribuição social.
As ideias
do governador encontraram eco na plateia composta por cerca
de 100 dos maiores empresários do país, reunidos
no Rio de Janeiro. “O governador Anastasia tem, insistentemente,
dito ao país da importância de se rever o pacto
federativo para que o Brasil possa ter as condições
básicas de um crescimento equilibrado. Sem dúvida,
essa sua preocupação em reger mais democraticamente
a relação entre os entes governamentais traz
para o empresariado uma sensação de alívio
e de expectativa. Organizar o Estado nos seus pilares fundamentais
é uma providência essencial para o crescimento
econômico do país. Nós não podemos
crescer economicamente sem ter tranquilidade na condução
dos negócios”, afirmou o presidente da ACRJ,
Antenor Barros Leal.
Ao final
do evento, o governador foi homenageado com um almoço
oferecido pelos empresários da Associação,
quando recebeu o busto do patrono da Casa, Barão
de Mauá. O seminário contou também
com palestra do jurista Ives Gandra Martins, tendo como
debatedores o senador Francisco Dornelles (PP-RJ); o ex-ministro
da Justiça Bernardo Cabral, e o secretário
de Fazenda do Estado do Rio de Janeiro, Renato Villela.
via
Agência Minas
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Pacto Federativo